quarta-feira, 13 de março de 2013

EGO-FUMANTE



       ENVIADA PARA O PEDRO
    Não sou fumante, nem planejo ser, mas eu tenho uma raiva daquele fumante fresco. Aquele modo como segura o cigarro ou aquela vozinha irritante que soa a qualquer hora, como reclamação ou desprezo, até o jeito como se veste me incomoda.
Sabe, outro dia estava na área fumante de um restaurante ‘finíssimo’ e avistei o fumante fresco, com um terno azul, colarinho branco, meias pretas, um cabelo todo arrumadinho e um nariz empinado. Ele, sentado a duas mesas a minha frente, estava quase acabando seu almoço e prestes a pedir seu matinal cafezinho, mas antes se deliciava com uma salada de frutas de bananas ainda verdes que contrastavam com o vermelho chamativo do morango maduro.
        E então o inesperado aconteceu, algo detestável para o fumante fresco: o careca de terno preto, calça verde e gravata psicodélica, da mesa ao lado, acendeu um cigarro, o fumante fresco não quis nem saber e foi reclamar com seu colega, fumante, que havia desrespeitado a Lei dos Fumantes Fresco (LFF), pois esta lei diz: “enquanto um fumante fresco estiver comendo nunca se acende um cigarro”.
        Começou então o bafafá...
        Esse fumante fresco na verdade pode ser chamados de ego-fumante, pois quando é ele que vai fumar não importa quem e nem o que estejam fazendo do seu lado ele fuma e fuma o tempo que quiser, mas quando os outros vêm fumar na sua cara ele fica furioso no mínimo diz: @#$%&*%$#$%@!!!!!!! mas pode até acabar matando. O que será que o fumante fresco tem na cabeça? Será que ele nasceu na época do “geo-egocentrismo” e ainda não percebeu que as coisas mudaram, agora o sol que fica no centro do universo, não mais a terra, agora o povo fica no centro a sociedade, não mais você próprio, pode ser também que o fumante fresco nasceu com uma dislexia física que o impede de mover sua cabeça e não consegue parar de olhar para o seu umbigo, pode ser também que não seja culpa do fumante fresco, ele pode ter sofrido um trauma com cigarros e não consegue mais ficar perto de cigarros enquanto come, ainda mais, pode ter um problema sério com o pulmão e quando ingere alimentos a fumaça que entra no seu nariz e atrapalha sua digestão e além disso pode ser que ele tenha risco de morte, pois quando a fumaça do cigarro se encontra com o amido do alimento ingerido a reação química que o corpo dele produz é violenta e ele pode acabar morrendo... Quem sabe? Devemos ter pena ou raiva? Pode ser simplesmente uma frescura, mas também pode ser uma doença grave.
        Mas no final das contas nada faz diferença, pois o fumante fresco teve que se retirar do recinto esfumaçado...


domingo, 3 de março de 2013

Mundo Eletrônico


        Estou andando em direção a minha casa, passo então por um grupo de crianças amontoadas, elas se juntam em torno de um único objeto que mais parecia uma estrela, emitia uma luz própria.
        Se eu não me engano as crianças estavam em torno de um I pad (aqueles I não sei o que lá são todos iguais), elas jogavam um jogo estranho, elas não paravam de cutucar a tela, não sei como não manchava.
        A quilo me deixou estranhamente incomodado, não sabia porque, mas logo descobri... Aquelas crianças jogavam um jogo inútil que não ajudavam elas em nada, em vez de estudar ou se exercitar, coisa boa e útil de se fazer. Sei que estou sendo um pouco moralista e conservador demais, mas o que o jogo eletrônico traz para gente, nada, burrice, repetição...
        Certo, dizem que os eletrônicos vieram para ajudar (podemos aprender e pesquisar, muito mais fácil com eles), mas sempre junto com a ajuda vem a burrificação que “distrai” as crianças e ao mesmo tempo as tornam acostumadas a viver em um mundo aonde tudo vem pronto, principalmente a diversão, ou como os produtores preferem dizer pré-pronto.
         Será mesmo que este mundo eletrônico é tão ruim assim.
         Se ele não existisse, eu, nem você, estaríamos aqui.
      Ainda andando em direção as crianças decido falar com elas, mas elas nem me olham...

Bebedouro Escolar


        Depois das duas primeiras aulas saio sedento por água, cinco bebedouros estão na parede do corredor.
        Testo o primeiro bebedouro, a água não sai. Testo o segundo, a água sai muito baixa, não da nem para ver. Testo o terceiro a água sai mas esta fervendo. Testo o quarto, não da para testar ele esta quebrado...
        Por fim chego ao quinto. A água sai, geladinha, mas com um gosto terrível de metal.
        Largo-me da parede e me disponho a descer mais dois lances de escada, para chegar ao primeiro andar. No primeiro andar, na parede, tem um só bebedouro, vou lá e testo. A água sai, geladinha, mas sai geladinha demais, já que tenho dentes frágeis eles começaram a doer.
        Largo-me da parede, novamente, e me disponho a descer mais dois lances de escada, para chegar ao andar térreo.
    Chego. Há um único bebedouro, ao lado da cantina. Tranquilamente caminho até a fonte de água. De repente aparece uma multidão em minha frente, e, se cria, rapidamente, uma fila de dobrar quarteirões na minha frente.
        Cansado, entro na fila. Quando estou em frente ao bebedouro toca o sinal. Sem saciar minha sede volto à classe.
        Ao final do dia, saio da classe, sem esperar mais nenhum segundo, desço rapidamente os quatro lances de escada, vou direto à cantina, e compro uma garrafa de água mineral...

Domingo no Clube

ENVIADO PARA O PEDRO

        A família toda estava empolgada: o pai já pegara as chaves do carro, a mãe já estava com a bolsa na mão, a filha pulava de alegria e até o bebê deixava escapar um sorrisinho ou outro. Menos o menino, o menino com a cara fechada e braços cruzados, se direcionava lentamente ao carro.
        O menino estava emburrado. Por quê? Será que aquele menino simplesmente não gostava do clube? Pode ser que o menino hávia acabado de ganhar de sua mãe um videogame, estáva louco para jogar, mas era domingo e “precisavam” ir ao clube. Pode ser também que o menino iria jogar bola na quadra de futsal do Macábi e como era domingo ele “precisava” ir ao clube. Outra opção é que o menino não gostasse de piscina e no clube a única coisa que tinha para fazer era ir à piscina... Não sabemos qual era o motivo do menino, mas de qualquer jeito todos entraram no carro.
        Chegaram ao clube, todos se divertiram, inclusive o menino emburrado.
        Chegou à hora em fim de ir embora, a família toda alegre se direcionava ao carro, menos o menino que novamente cruzara seus braços e fechara sua cara e que se tornara mais uma vez o menino emburrado.
O menino não queria sair do clube. Por quê? Será que aquele menino simplesmente havia adorado o clube, pode ser que o menino ao chegar ao clube encontrou seus melhores amigos na beira da piscina, pode ser também que o menino que não gostava de piscina, quando chegou ao clube e viu aquela água cristalina que refletia o sol do meio dia, logo mudou sua cara e, feliz da vida, conquistou seu primeiro amor, dando um pulo na piscina que agora ele tanto amava... Não sabemos qual era o motivo do menino, mas como sempre ele foi obrigado a seguir a família feliz.
        O menino não pode espernear nem ficar sozinho em casa, mas a vantagem de ser menino é de poder experimentar, e claro, de se emburrar.

ENTROU EM MINHA MENTE!!!



        Estava sentado na poltrona confortável do Cinemark Pompéia, vendo naquela tela imensa um filme. Não me lembro qual, mas o filme era bom, e sei disso, pois fiquei tomado pela raiva, da cabeça aos pés, fiquei todo vermelho eu mais parecia uma cereja e já começava a escapar pequenos rastros de vapor pela minha cabeça, pois AQUELA MÚSICA ENTROU EM MINHA CABEÇA!!!
        Estava possesso, sabe aquela musiquinha do Mario, então, ela não parava de se repetir em minha cabeça. Não consegui ouvir a trilha do filme, e sem a trilha o filme era uma porcaria.

        A musica que entra na nossa cabeça pode ser desde um metal até Beethoven ou Bach.
        A música entra quando quer, às vezes em boas, e as vezes em más horas

        Outro dia estava com minha avó e minha irmã caçula, não sei como, mas fomos ver Barney no cinema...
        AINDA BEM QUE AQUELA MÚSICA ENTROU EM MINHA CABEÇA senão a música estaria com olho roxo agora...


sábado, 2 de março de 2013

TIME is Soup

ENVIADA PARA O PEDRO

( inspirado na crônica Time is honey de Antonio Prata)

           Poucas coisas neste mundo são mais tristes que uma sopa enlatada. Naquela prateleira empoeirada, com latas verdes que refletem a luz fosca do supermercado, lá bem escondidinha se instala a sopa. Sopa enlatada é como obrigado de caixa eletrônico, bom dia de pedágio ou boa tarde de cartas de conta. É uma anti-sopa.
Não discuto o gosto da sopa, aquele toque de coentro ou aquele gostinho de abóbora ou até mesmo aquele azedinho, que da água na boca. (O capitalismo quando se mete a fazer algo faz muito bem feito.) O problema não é o gosto e sim uma questão de princípios. Façam o que quiserem com o imposto de renda ou com as estradas, mas, NÃO TOQUEM nas sopas!!! Esta é uma das poucas vezes em que tempo não é dinheiro.

A minha geração talvez seja a primeira que pode crescer e virar adulta sem saber fritar um ovo. O mercado nos oferece tudo pronto (ou como preferem dizer tudo pré-pronto).

Se você acha que tudo bem, problema o seu. Eu vou espernear o quanto eu puder. Se entregarmos até as sopas aos códigos de barra, daqui a pouco quando formos comprar no supermercado “necessidades” da sua avó, na listinha estará escrito:

1-     Felicidade em pílulas

2-     Liberdade enlatada

3-     Amor comprimido