( inspirado na crônica Time is honey de Antonio Prata)
Poucas coisas neste
mundo são mais tristes que uma sopa enlatada. Naquela prateleira empoeirada,
com latas verdes que refletem a luz fosca do supermercado, lá bem escondidinha
se instala a sopa. Sopa enlatada é como obrigado de caixa eletrônico, bom dia
de pedágio ou boa tarde de cartas de conta. É uma anti-sopa.
Não discuto o gosto da
sopa, aquele toque de coentro ou aquele gostinho de abóbora ou até mesmo aquele
azedinho, que da água na boca. (O capitalismo quando se mete a
fazer algo faz muito bem feito.) O problema não é o gosto e sim uma questão de
princípios. Façam o que quiserem com o imposto de renda ou com as estradas, mas, NÃO
TOQUEM nas sopas!!! Esta é uma das poucas vezes em que tempo não é dinheiro.
A minha geração talvez
seja a primeira que pode crescer e virar adulta sem saber fritar um ovo. O
mercado nos oferece tudo pronto (ou como preferem dizer tudo pré-pronto).
Se você acha que tudo
bem, problema o seu. Eu vou espernear o quanto eu puder. Se entregarmos até as
sopas aos códigos de barra, daqui a pouco quando formos comprar no
supermercado “necessidades” da sua avó, na listinha estará escrito:
1- Felicidade
em pílulas
2- Liberdade
enlatada
3- Amor
comprimido
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