sábado, 2 de março de 2013

TIME is Soup

ENVIADA PARA O PEDRO

( inspirado na crônica Time is honey de Antonio Prata)

           Poucas coisas neste mundo são mais tristes que uma sopa enlatada. Naquela prateleira empoeirada, com latas verdes que refletem a luz fosca do supermercado, lá bem escondidinha se instala a sopa. Sopa enlatada é como obrigado de caixa eletrônico, bom dia de pedágio ou boa tarde de cartas de conta. É uma anti-sopa.
Não discuto o gosto da sopa, aquele toque de coentro ou aquele gostinho de abóbora ou até mesmo aquele azedinho, que da água na boca. (O capitalismo quando se mete a fazer algo faz muito bem feito.) O problema não é o gosto e sim uma questão de princípios. Façam o que quiserem com o imposto de renda ou com as estradas, mas, NÃO TOQUEM nas sopas!!! Esta é uma das poucas vezes em que tempo não é dinheiro.

A minha geração talvez seja a primeira que pode crescer e virar adulta sem saber fritar um ovo. O mercado nos oferece tudo pronto (ou como preferem dizer tudo pré-pronto).

Se você acha que tudo bem, problema o seu. Eu vou espernear o quanto eu puder. Se entregarmos até as sopas aos códigos de barra, daqui a pouco quando formos comprar no supermercado “necessidades” da sua avó, na listinha estará escrito:

1-     Felicidade em pílulas

2-     Liberdade enlatada

3-     Amor comprimido










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