quinta-feira, 4 de abril de 2013

EPOPÉIA CACHORRONICA


ENVIADO PARA O PEDRO
 Eu, todo feliz, peguei as chaves do carro e fui para o portão, saí. Abri o porta malas do carro e peguei minha sunga. Estava fechando o porta malas, quando...
             Latidos ecoaram em minha cabeça. Rapidamente me virei, o cachorro estava fugindo. Por que eu havia deixado a porta aberta? Talvez por que a preguiça tenha me tomado? Pode ser que minha cabeça, que estava pensando na piscina cristalina, tenha se distraído e se esqueceu? Outra opção é que eu tivesse deixado a porta fechada, e como aquele pastor alemão era muito forte ele abriu a porta? Pode ser também que um disco voador queria me sacanear, então, os alienígenas abriram a porta que eu havia fechado... Não faz muita diferença o jeito como o cachorro escapou, pois agora a única coisa que tenho que fazer é capturá-lo.
             Rapidamente larguei as chaves dentro do porta malas e saí correndo atrás do grande pastor. O que será que aquele pastor queria? Será que dentro daquela cabeça coberta de pelo há uma mente que pensa como a nossa? Será que aquele pastor estava tirando sarro da minha cara? Será que ele só queria passear um pouco? Não sei o que ele pensava, mas de uma coisa eu tenho certeza: ele havia ficado irritadíssimo quando encontrou seus amigos cachorros, pois não parava de latir e rosnar para eles. Pode ser também que ele tenha ficado contente, pois, quem sabe, latidos e rosnados em cachorrês possam ser um cumprimento, uma declaração de amor ou um pedido de desculpas.
     Sempre, que o pastor fazia uma reclamação, ou quem sabe, uma declaração de amor, os outros cachorros, que esperavam ansiosos para uma oportunidade de falar, não esperavam um só instante. Logo respondiam, com latidos, as perguntas ou afirmações feitas pelo pastor. Às vezes respondiam agudo, às vezes rouco, às vezes firme e determinante, mas sempre respondiam com força e o mais alto que conseguiam.
     O que será que os cachorros conversavam? Falavam sobre manicure: “ontem fiz minha unha”, “de que cor?”, “eu pintei de obseCÃO”, “foi da marca CÃOpricho?”. Ou será que falavam sobre política: “em quem você votou, para presidente?”, “CÃOrlos, e você”, “CÃOrlos uma ova, claro que votei no CÃOcelcio”. Podiam também falar sobre culinária: “já ouviu falar sobre o mais novo prato na culinária?”, “não, qual é?”, “BaCÃOlhau com CÃOmarão”. Sobre algo estes cachorros falavam. Disto eu tenho certeza.
       Aquela caminhada já estava ficando cansativa, quando em fim, apareceu a salvação. Ao longe, avistei o dono do sitio, Waldemir, trazendo consigo a coleira do cachorro.
        Daí para frente tudo ocorreu bem.Ou melhor, quase tudo...
         Pegamos o cachorro pela a coleira e o levamos de volta ao sítio.
        Chegamos. Agora o cachorro estava em seu lugar e tudo estava certo. Onde foi mesmo que eu coloquei a chave do carro?
A epopéia continua, mas a história acaba aqui.
          Como diria Michael Ende “Mas essa é uma outra história e terá de ser contada em outra ocasião” (A História Sem Fim).



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